Amor Próprio – A Alquimia de se Amar em Meio à Dor
Amor Próprio – A Alquimia de se Amar em Meio à Dor
Hoje, venho falar sobre burnout e o que pulsa por trás dele: o colapso silencioso, a dor invisível, a ausência de escuta — e como tudo isso atravessa a alma de tantas pessoas que só queriam ser vistas.
Este não é apenas um relato, é um ritual íntimo de transmutação. Quando a dor, que parecia insuportável, começa a se transformar, aos poucos, em consciência, nasce algo precioso. A verdadeira alquimia acontece no invisível — no instante em que escolhemos nos escutar com honestidade e ternura.
Recentemente, um dos nossos pedidos de perícia foi negado. A justificativa? “Boa aparência.” “Sem cara de depressiva.” “Capaz de voltar ao trabalho.” Mas ninguém viu o que veio depois: o silêncio cortante da rejeição, o peso de voltar para casa sem apoio, sem renda, sem saúde — e ainda ser julgado.
Burnout não é moda. É o corpo suplicando: “Eu não aguento mais.” É a alma pedindo cuidado, enquanto o mundo exige performance.
E quando tentamos desabafar, ouvimos: “Você está viciada em doença.” “Você reclama demais.” “Burnout é desculpa.”
Não. Burnout é o cansaço da alma que se esconde atrás de um sorriso treinado. É a força que fingimos ter, enquanto implodimos por dentro.
Histórias que Destroem o Silêncio
Talvez você também conheça alguém assim — alguém que não foi ouvido a tempo.
Como o rapaz que pediu ajuda três vezes e teve o afastamento negado. Dias depois, desistiu da vida. A médica que o atendeu disse, com dor: “Poderia ter sido diferente.”
Ou a mulher que tentou opinar num grupo e foi silenciada com frieza: “Se não concorda, saia.” Quando foi que escutar virou incômodo?
Ou o marido de uma conhecida que, “por parecer bem”, teve a perícia negada. Poucos dias depois, infartou. A dor não era visível, mas era real.
Essas histórias doem. E nos lembram da urgência da empatia, da solidariedade e do amor ao próximo. Porque amar a si mesmo é também reconhecer o outro como parte da nossa humanidade compartilhada.
Quando a Mente Adoece, o Corpo Grita
A jornada de muitos começa com o cansaço. Vieram as dores físicas, os exames, os diagnósticos. Porque quando a mente adoece, o corpo tenta dizer o que a alma já implora.
Mas, para muitos, se você não está caída, não está doente. Se não está chorando, não precisa de ajuda. Se está “com boa aparência”, pode voltar ao trabalho.
O Amor Próprio que Floresce na Sombra
É na dor que o amor próprio vira semente de cura. É quando você se acolhe mesmo sem aplausos. Quando você se valida, mesmo sem ouvir “vai passar”. É quando você decide se amar, mesmo sem estar “funcionando”.
Essa é a alquimia: transformar dor em presença. Ferida em sabedoria. Silêncio em autoacolhimento.
Mas também é onde nasce a fraternidade. Porque quem já doeu, aprende a enxergar a dor do outro. Quem aprendeu a se amar, reconhece a importância de estar ao lado — em vez de apontar o dedo.
Frases que Ferem, Palavras que Curam
Nos grupos, nas redes, nos comentários... Frases duras, apressadas, julgadoras. Frases que ferem quem só precisava de espaço para respirar.
Mas aquilo que dizemos sobre o outro, quase sempre ecoa nossas próprias feridas.
Não é fraqueza. É o sinal de que a cura está pedindo passagem. E essa cura começa na escuta, na empatia, na entrega. Não de conselhos, mas de presença. Não de julgamento, mas de solidariedade.
Você Merece Ser Ouvido. E Amado.
Se ninguém te ouviu até agora, eu te digo: Você não está sozinho.
Existem lugares onde a escuta vive. O CVV – 188 – está disponível 24h com voluntários preparados para te ouvir com o coração. Também há os CAPS, ONGs, rodas de apoio e comunidades que acolhem sem julgar.
E para quem escuta: escutar é um ato de amor ao próximo. É se doar com entrega. É um gesto de empatia e de humanidade.
Porque no fim, amar a si mesmo também é abrir espaço para amar o outro. E amar o outro, é reconhecer em nós a mesma centelha de vida, de dor, de transformação.
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